quarta-feira, 27 de junho de 2007


Borboleta,
Antes de asas
Seu casulo são grades

Asas pequenas
Vermelhas, amarelas, castanhas
Ou já nascem grandes

Deslizo por sua pele
Sinto o teu cheiro
O teu gosto, teus lábios

Leva-me para longe
Mesmo que seja
a maior das ilusões

Agora estou neste casulo
Talvez para me transformar em morcego.
Única consciência que tenho é a de lagarta.

Todas as suposições ou verdades sobre mim
Nesta transitoriedade são falsas
Tudo pode ser uma farsa

Um conteúdo de cor e sabor desconhecidos
Em lodo de pés enraizados sem ternura
Somente o não querer.

Sem paredes, chão ou espelho,
Espinhos ou flores destiladas de veneno
É o que pode ser o enfeite bonito

Neste invólucro em que dias e noites
São escuros, discernir pelo som
Deixa os outros sentidos desnecessários

É uma pausa de mil compassos
De intervalos na expiração
Que prossegue sem fôlego

Já não me sinto mais dissolvido em água
Jogado pelo ralo,
Somente importa o não ser.